Em livro, Papa afirma que nascimento virginal de
Jesus "não é mito”.
20 de
novembro de 2012 • 09h23 • atualizado em 21
de novembro de 2012 às 09h32
Jesus
nasceu em Belém em uma época determinada com precisão, e seu nascimento
virginal "não é um mito, mas uma verdade", disse Bento XVI em seu
livro "A infância de Jesus" apresentado nesta terça-feira, no qual
também afirma que no Evangelho não se fala de um boi e um jumento no presépio.
No livro,
que a partir de amanhã estará nas livrarias de 50 países, o papa diz que no
Evangelho "não se fala em animais" no lugar onde nasceu Jesus, mas
tratando-se de um presépio, "o lugar onde comem os animais, a iconografia
cristã captou rapidamente esse motivo e "preencheu essa lacuna", e
nenhuma representação descarta o boi e o jumento”.
No texto,
o pontífice também desmente São Agostinho, que afirmou que a Virgem Maria teria
feito um voto de virgindade e teria se comprometido com José para que a protegesse,
afirmando que essa reconstrução "está fora do mundo judeu do tempo de
Jesus".
"É
certo que Jesus foi concebido por obra e graça do Espírito Santo e nasceu da
santa Virgem Maria?. Sim, sem reservas", afirma o Pontífice, para quem há
dois pontos na história de Jesus nas quais a ação de Deus intervém diretamente
no mundo material: "o parto de Nossa Senhora e a Ressurreição no Sepulcro,
no qual não permaneceu nem sofreu a corrupção".
Bento XVI
ressalta que se a Deus só fosse permitido agir na esfera espiritual, e não na
material, "então não seria Deus", mas que sim, Ele "tem esse
poder e, com a concepção e a ressurreição de Jesus Cristo, inaugurou uma nova
criação".
"A
infância de Jesus", terceiro livro da trilogia de Joseph Ratzinger-Bento
XVI (são usados os dois nomes, já que a começou como cardeal) sobre Jesus, foi
editado em nove idiomas, entre eles o português, e sai com uma primeira edição
global de um milhão de exemplares. Com 176 páginas, a obra é dividida em quatro
capítulos e um epílogo.
O primeiro
capítulo é dedicado à genealogia do Salvador nos evangelhos de Mateus e Lucas,
ambos muito diferentes, segundo o papa, mas com o mesmo significado
teológico-simbólico: a colocação de Jesus na história.
Bento XVI
diz que Jesus não nasceu e apareceu em público em uma data imprecisa, mas
sabe-se muito bem quem é e de onde vem, e que pertence a uma época
"perfeitamente datável e a um ambiente geográfico perfeitamente
indicado". Jesus nasceu - escreve o papa, lançando mão do Evangelho de
Lucas - no ano 15 do império de Tiberio César.
O segundo
capítulo fala do anúncio do nascimento de João Batista e de Jesus, e no mesmo
Bento XVI escreve que lendo o diálogo entre Maria e o anjo Gabriel, se vê como
Deus através de uma mulher busca "uma nova entrada no mundo". Maria,
ressalta o papa, "aceitou a vontade de Deus, tentou compreender e se
mostrou como uma mulher valente".
O
terceiro capítulo aborda o nascimento em Belém e ao contexto histórico do
nascimento de Jesus, o império romano que sob Augusto se estende entre Oriente
e Ocidente e que com sua dimensão universal "permite a entrada no mundo de
um portador de salvação universal".
Já o
quarto capítulo fala sobre os Reis Magos, que representam, segundo o papa, a
humanidade "quando faz o caminho para Cristo". O pontífice explica
que embora alguns ponham em dúvida a adoração dos reis, está convencido de que
se trata de um acontecimento histórico, mas ressalta que, seja verdade ou não,
ela não afeta nenhum aspecto essencial da fé.
No
epílogo, com base no Evangelho de Lucas, Bento XVI conta o último episódio da
infância de Jesus, quando aos 12 anos foi ao Templo de Jerusalém debater com os
doutores da Lei. O papa diz que muitos apresentam Jesus como um liberal ou um
revolucionário, mas que o que se destaca é seu comportamento contra as falsas
devoções.
Nenhum comentário:
Postar um comentário